De todas as teorias, talvez esta seja a mais inesperada de todas. Esta teoria foi concebida em conjunto com meu primo (que é biólogo) e questiona alguns fundamentos da sociedade contemporânea.
Obviamente, muitas pessoas, dentre elas sociólogos, cientístas políticos e filósofos irão achar que fiquei maluco de vez, mas tenho certeza que muitos concordarão com a ideia.
Aristóteles disse que o homem é um "zoon politikós", sendo que o adjetivo político, no contexto em que foi escrito, significava um animal que vive na pólis, ou seja, na cidade. Portanto, a expressão aristotélica traduzida (não literalmente) no sentido em que ele queria fundamentar suas teses, era de que o homem é um "animal sociável", ou melhor, que vive em sociedade.
Não podemos imaginar a pólis grega como se fossem nossas cidades de hoje. São inúmeras diferenças, destacando-se o fato das pólis serem verdadeiras "cidades estado", soberanas e independentes, às vezes até rivais. Também a noção de democracia direta realizada por uns poucos homens adultos, chamados de cidadãos (a maior parte da população, mulheres, crianças, escravos e estrangeiros não exercia nenhuma cidadania) diferia muito do papel do cidadão moderno.
Feito este intróito, radicalizemos:
O HOMEM NÃO É UM ANIMAL SOCIÁVEL NO SENTIDO MODERNO DE SOCIEDADE!!!
Expliquemos...
O homem antigo dependia de seu grupo social, mais especificamente daqueles indivíduos mais próximos para viver. Até nos dias de hoje um indivíduo pode retirar-se do convívio social e viver sozinho, mas não irá se reproduzir, interrompendo sua linhagem.
A família é o grupo social mais estreito que temos. É com ela que garantimos nossos instintos de sobrevivência mais básicos, quais sejam, a busca do alimento e a reprodução.
Nos tempos antigos, uma família com mais membros poderia facilmente usurpar a comida da grupos menores. Foi necessário então a organização dos grupos menores em tribos, donde as famílias contavam com maior proteção. Só isso bastaria para a humanidade existir e perpetuar-se, no entanto, com a "evolução social" surgiu o Estado, orgão abstrato e comandado por poucos que impõe normas de conduta mais amplas e genéricas, passando por inúmeras modificações até o surgimento do estado como conhecemos hoje.
Como o Estado é o "organismo" com maior poder na sociedade contemporânea, a existência dos grupos menores só existe por vontade deste. Melhor dizendo, o Estado garante a existência dos "organismos" menores e estes últimos respeitam suas normas, delegando poderes ao primeiro para que a sociedade não desmorone.
Aí está o problema do estado contemporâneo. Instintivamente, o homem vê legitimidade na delegação de poderes exclusivamente para os mais velhos e sábios ou os mais fortes, sempre levando em conta a pessoa do delegado, quem é o homem por trás do "cargo".
Já percebeu que nas eleições sempre tendemos a votar com o candidato e não com o partido (que possui um arcabouço ideológico próprio)?
Isto ocorre, porque nossos instintos mais profundos não nos deixam ver legitimação na delegação de poderes tão amplos e para um "ser" tão abstrato quanto o Estado.
Desta forma, nossa sociedade não está apoiada em terreno sólido, não passando de uma ficção político-jurídica.
Sob este prisma, qual seja, pelas necessidades da sociedade contemporâneas, comparadas às necessidades reais do homem, não somos mais animais sociáveis.
Hodiernamente, as necessidades da sociedade ultrapassam em muito as necessidades da raça humana. A sociedade se tornou uma máquina autônoma, com suas próprias demandas.
A situação se inverteu... não é o homem que precisa da sociedade, e sim a sociedade que precisa do homem para sobreviver. Ao meu ver éramos sociáveis, na visão aristotélica, até o momento em que nos reuníamos pessoalmente ná ágora e decidíamos diretamente nossas demandas. Após isso tudo se tornou uma grande ficção.
Não confunda esta teoria com o anarquismo. Não sou contra o Estado. Só acho que ele está poderoso demais e precisa de freios que realmente funcionem. Só isto!
Até a próxima teoria!
Elvis Almeida
Obviamente, muitas pessoas, dentre elas sociólogos, cientístas políticos e filósofos irão achar que fiquei maluco de vez, mas tenho certeza que muitos concordarão com a ideia.
Aristóteles disse que o homem é um "zoon politikós", sendo que o adjetivo político, no contexto em que foi escrito, significava um animal que vive na pólis, ou seja, na cidade. Portanto, a expressão aristotélica traduzida (não literalmente) no sentido em que ele queria fundamentar suas teses, era de que o homem é um "animal sociável", ou melhor, que vive em sociedade.
Não podemos imaginar a pólis grega como se fossem nossas cidades de hoje. São inúmeras diferenças, destacando-se o fato das pólis serem verdadeiras "cidades estado", soberanas e independentes, às vezes até rivais. Também a noção de democracia direta realizada por uns poucos homens adultos, chamados de cidadãos (a maior parte da população, mulheres, crianças, escravos e estrangeiros não exercia nenhuma cidadania) diferia muito do papel do cidadão moderno.
Feito este intróito, radicalizemos:
O HOMEM NÃO É UM ANIMAL SOCIÁVEL NO SENTIDO MODERNO DE SOCIEDADE!!!
Expliquemos...
O homem antigo dependia de seu grupo social, mais especificamente daqueles indivíduos mais próximos para viver. Até nos dias de hoje um indivíduo pode retirar-se do convívio social e viver sozinho, mas não irá se reproduzir, interrompendo sua linhagem.
A família é o grupo social mais estreito que temos. É com ela que garantimos nossos instintos de sobrevivência mais básicos, quais sejam, a busca do alimento e a reprodução.
Nos tempos antigos, uma família com mais membros poderia facilmente usurpar a comida da grupos menores. Foi necessário então a organização dos grupos menores em tribos, donde as famílias contavam com maior proteção. Só isso bastaria para a humanidade existir e perpetuar-se, no entanto, com a "evolução social" surgiu o Estado, orgão abstrato e comandado por poucos que impõe normas de conduta mais amplas e genéricas, passando por inúmeras modificações até o surgimento do estado como conhecemos hoje.
Como o Estado é o "organismo" com maior poder na sociedade contemporânea, a existência dos grupos menores só existe por vontade deste. Melhor dizendo, o Estado garante a existência dos "organismos" menores e estes últimos respeitam suas normas, delegando poderes ao primeiro para que a sociedade não desmorone.
Aí está o problema do estado contemporâneo. Instintivamente, o homem vê legitimidade na delegação de poderes exclusivamente para os mais velhos e sábios ou os mais fortes, sempre levando em conta a pessoa do delegado, quem é o homem por trás do "cargo".
Já percebeu que nas eleições sempre tendemos a votar com o candidato e não com o partido (que possui um arcabouço ideológico próprio)?
Isto ocorre, porque nossos instintos mais profundos não nos deixam ver legitimação na delegação de poderes tão amplos e para um "ser" tão abstrato quanto o Estado.
Desta forma, nossa sociedade não está apoiada em terreno sólido, não passando de uma ficção político-jurídica.
Sob este prisma, qual seja, pelas necessidades da sociedade contemporâneas, comparadas às necessidades reais do homem, não somos mais animais sociáveis.
Hodiernamente, as necessidades da sociedade ultrapassam em muito as necessidades da raça humana. A sociedade se tornou uma máquina autônoma, com suas próprias demandas.
A situação se inverteu... não é o homem que precisa da sociedade, e sim a sociedade que precisa do homem para sobreviver. Ao meu ver éramos sociáveis, na visão aristotélica, até o momento em que nos reuníamos pessoalmente ná ágora e decidíamos diretamente nossas demandas. Após isso tudo se tornou uma grande ficção.
Não confunda esta teoria com o anarquismo. Não sou contra o Estado. Só acho que ele está poderoso demais e precisa de freios que realmente funcionem. Só isto!
Até a próxima teoria!
Elvis Almeida
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